CNPE aprova atualização de estudos para conclusão de Angra 3

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou, nesta quarta-feira (1), a atualização dos estudos econômico-financeiros necessários para viabilizar a conclusão da Usina Nuclear de Angra 3, em Angra dos Reis (RJ). A medida, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), será conduzida pela Eletronuclear, responsável pela operação das usinas nucleares brasileiras, em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A expectativa do governo é que a revisão dos estudos seja concluída até o fim de outubro, permitindo que o CNPE delibere ainda em 2025 sobre o modelo de negócio e as condições para retomada das obras, paralisadas desde 2015.

Histórico 

Angra 3 começou a ser construída em 1984, mas passou por diversas interrupções ao longo das últimas décadas. O projeto previa a instalação de um reator de 1.405 megawatts (MW), o que ampliaria em cerca de 50% a capacidade nuclear instalada no país. Atualmente, as usinas Angra 1 e 2 geram juntas 2.000 MW, o que representa cerca de 3% da matriz elétrica brasileira.
 
Em 2010, as obras foram retomadas, mas acabaram suspensas novamente cinco anos depois, em meio a dificuldades financeiras e investigações de corrupção. Desde então, o empreendimento permaneceu em compasso de espera, com custos de manutenção e preservação estimados em centenas de milhões de reais.
 
Para o MME, a conclusão de Angra 3 é considerada estratégica por garantir maior segurança energética ao país, sobretudo em períodos de estiagem, quando a geração hidrelétrica é reduzida. O governo também ressalta o papel da energia nuclear como fonte firme e de baixas emissões de gases de efeito estufa, em linha com os compromissos climáticos assumidos pelo Brasil.
 
Próximos passos
 
A atualização dos estudos pelo BNDES e Eletronuclear deve abordar aspectos técnicos, financeiros e regulatórios, incluindo estimativas de custo para conclusão da obra, cronograma de execução e possíveis modelos de parceria com investidores privados.
 
Caso o CNPE valide os resultados ainda este ano, o governo poderá definir em 2026 o formato de retomada do projeto, que pode envolver concessão, parceria público-privada ou financiamento público direto.